CULTURA


          A cidade tem uma das mais ricas culturas do Estado. É em Vigia, que pertence a região do Salgado, que está o círio mais antigo do Pará com 316 anos de tradição, a Festa de Nossa Senhora de Nazaré, o famoso carimbó (onde a tradição dos grupos folclóricos e compositores do ritmo são preservados), vilas de pescadores, monumentos e prédios antigos, além de outras atrações culturais.

          Em 1889, com a Proclamação da República, Vigia fez sua adesão ao novo regime e partiu para uma nova fase de sua história. A cidade, que sempre foi palco de fatos importantes da história paraense, teve filhos ilustres, entre intelectuais, poetas, artistas e escritores. Não é à toa que é considerada por seus habitantes e admiradores como uma importante referência artística e cultural. Uma verdadeira "Atenas Paraense".


PONTOS TURÍSTICOS
                                                                          POÇO DOS JESUÍTAS
          Uma preocupação dos padres jesuítas foi o fornecimento de água de boa qualidade, para utilização comunitária. Por isso, eles abriram “vários poços de água potável, construídos em vários pontos da cidade, melhoramentos estes que ainda perduram e servem de utilidade pública”. É informação do professor Cândido Vilhena, datada de 1820.
          Desses poços, a maioria foi eliminada. Restou o que ainda se conserva esse monumento à Rua das Flores, entre a Travessa Generalíssimo Deodoro e a Av. Dr. Marcionilo Alves, reconhecido pelo historiador Ernesto Cruz, e em torno do qual o Prefeito José Ildone mandou construir uma pracinha que, após sua gestão, foi abandonada e, na primeira administração do Prefeito Noé Palheta, restruturada e reintegrada ao roteiro histórico de Vigia de Nazaré.
                                                                     PRAÇA MONUMENTO CÍRIO 300
 

          Localizada na entrada da cidade no início da Av. Marcionilo Alves, construída na administração do prefeito Noé Xavier Rodrigues Palheta, em comemoração ao Círio 300 (1997), que naquele ano se comemorava. O monumento central é um manto sobre uma canoa, simbolizando a Virgemde Nazaré, a qual chegou a este chão chamado Vigia, trazida pelos portugueses quando vieram colonizar o Pará em 1616.
                                                                                   PAÇO MUNICIPAL 


           A partir de 1822, há uma reorganização político-administrativa no país. O poder central passou a ser representado pelo Imperador D. Pedro I e o país dividido em províncias, administradas por governadores nomeados pelo Imperador. Construção iniciada em 1882 e terminada em 1888, Com a denominação Paço da Câmara Municipal de Vigia, o que sugere o funcionamento do Poder Legislativo.
          Os governadores escolhiam os Intendentes dos municípios. A partir daí, foram criados os Paços e Intendências ou sedes do Poder Executivo. A Prefeitura funcionou neste prédio até a gestão de Florival Nogueira da Silva (1967-1971). Na  administração de José Ildone, houve uma intervenção no imóvel, mantendo-se as linhas e dimensões originais. Nele passou a funcionar a Biblioteca Pública Municipal Alves de Souza. A cobertura é de telha de barro, apresentando elementos de fachadas característicos em relevo e pináculos. A edificação situa-se num lote de esquina e sua implantação é feita acompanhando os limites das vias públicas. A fachada da Rua Noêmia Belém apresenta simetria de vãos, porta central e janelas com vergas retas e o símbolo das armas do Brasil no centro. As duas fachadas possuem coroamento constituído de platibanda com relevos, cimalha e frisos.








                                                                                   MUSEU MUNICIPAL
          A história da educação em Vigia tem início na época colonial, quando os jesuítas criaram os primeiros espaços para o ensino. Em 31 de julho de 1901, através do decreto nº 1057 na gestão do Governador do Estado Augusto Montenegro, foi criado o primeiro Grupo Escolar de Vigia que funcionou em vários prédios. Em 1934, na gestão do então interventor Magalhães Barata, o Estado  adquiriu o prédio de Fenelon  Cleofas de Melo e transferiu as instalações do Grupo para este imóvel, com o nome de Grupo Escolar Barão de Guajará, em homenagem a Domingos Antônio Raiol, o maior historiador do Pará.
          A importância do prédio onde funcionou o Grupo Escolar Barão de Guajará está associada à história educacional no Município, pelo fato de abrigar o primeiro Grupo Escolar da cidade, além de suas características arquitetônicas constituírem o registro de uma época. Hoje o velho Barão abriga o Museu Municipal, mantendo o nome de “Barão de Guajará” em homenagem ao filho mais ilustre de Vigia. O museu foi criado no dia 14 de fevereiro de 2004, na gestão municipal de Marlene Macedo Paiva de Vasconcelos.
                                                                                 TREM DE GUERRA
 
          O movimento da Cabanagem, que se espalhou pelo interior do Pará em 1835, atingiu também a então Vila da Vigia de Nazaré. Para fugir dos cabanos que tentavam tomar o poder, as autoridades do Legislativo e os militares vigienses refugiaram-se no prédio denominado Trem de Guerra, moradia e local de trabalho do Juiz de Paz do município, João de Sousa Ataíde. O prédio, por guardar as armas e munições da guarda Municipal Vigiense era também conhecido como Quartel.
          Construído em taipa e cobertura em telha de barro, o prédio, com acesso pela Rua de Nazaré e pela Rua Visconde de Souza Franco, pertenceu posteriormente a Inocêncio Holanda. Mais tarde foi vendido a Jerônimo Magno Monteiro, que o desmembrou em duas edificações, residindo na parte da edificação da rua Noêmia Belém. A parte localizada à Rua de Nazaré foi vendida à Prefeitura. Em 1990, na gestão Noé Palheta, foi totalmente demolido e reconstruído com materiais contemporâneos, em alvenaria de tijolo, mantendo, parcialmente, as características arquitetônicas originais do Trem de Guerra.
 
                                                                       IGREJA DA MADRE DE DEUS

          De acordo com o IPHAN, em 1731, através de ato régio, um dos padres da Companhia de Jesus constrói o Colégio da Mãe de Deus que dois anos mais tarde é transformado em templo. No século XVIII Vigia não possuía nada mais que instalações missionárias e, a Igreja Madre de Deus, foi construída com porte de catedral e uma grande riqueza interna. Sua fachada se parece com a fachada da igreja de Santo Alexandre, localizada em Belém pelas grandes volutas de seus frontispícios, tendo sido sagradas no mesmo ano. Conserva suas linhas originais bem como parte de seu acervo sacro deteriorado pelo tempo.
          A Igreja da Mãe de Deus (Ver figura 1), dedicada a Nossa Senhora de Nazaré, foi construída em estilo barroco no século XVIII e apresenta alvenaria de pedra, estrutura do telhado em madeira de lei, cobertura com telha de barro, frontispício formado por um corpo central e duas torres com campanários compostos por três janelões, sineiros de arco de meio ponto, corpo central é marcado pelo frontão que é composto de volutas simétricas. (Museu Midiático, 2010).
          A igreja é tombada pelo Instituto do Patrimônio Artístico Nacional (IPHAN), encontra-se registrada no livro de tombo de belas ates inscritos 424 de 14 de dezembro de 1954 com o número do processo 0434-T-50, com uma observação muito importante “O tombamento inclui todo seu acervo, de acordo com a resolução do conselho consultivo do SPHAN de 13 de agosto de 1985, referente ao processo administrativo n° 13/85 SPHAN “.
          Alguns pesquisadores, incluindo o historiador José Ildone, acreditam que a Igreja Madre de Deus seja a única, no Brasil, com 22 colunas laterais de origem Toscana (Ver figura 2). Em sua parte interna, há peças em ouro e prata, crucifixos e imagens originais de Rocca, além de todo o forro da sacristia ser todo ornado com belíssimas pinturas.

           Hoje a Igreja da Madre de Deus é um dos principais pontos turísticos da cidade de Vigia, por toda sua beleza e história acima citada. No entanto, é fato que apesar do zelo de alguns munícipes e da restauração do IPHAN, a mesma encontra-se em um processo de deterioração natural como de suas escadas de madeira na torre do sino e a alta poluição sonora em seu entorno. Novamente um belo patrimônio encontra-se em uma luta diária de sobreviver a um cotidiano de desrespeito com a história de um povo, o cuidado com nossa história deve também ser diário é o que esperamos para que as gerações vindouras possam também se impressionar com tal beleza arquitetônica.





                                                          CAPELA DO BOM JESUS (Igreja de Pedra)
          Foi construída em 1739, pelos padres jesuítas José de Souza e Caetano Xavier, com a contribuição do padre Malagrida. com a interrupção da construção no ano de 1759, por motivo da prisão e expulsão dos jesuítas das províncias do Brasil, o templo ficou inacabado. Teve a participação dos negros e índios sob a coordenação dos padres, que faziam o trabalho de catequese. Em troca dos benefícios recebidos os índios, ajudavam nas edificações.
          Toda de pedra, a argamassa era produzida com areia, barro e cal de sernambi (ostra marinha, que era torrada, depois pilada  para produzir o  cal misturado à massa, acrescida de grude da gurijuba para dar consistência). Aproximadamente nos anos 1930,o intendente municipal (assim chamado o prefeito na época), Jorge Correia, mandou demolir as paredes da nave central, para construir parte docais de arrimo e da usina de luz do município.
          Essa atitude fez com que a comunidade, na liderança da senhora Dona Maritó (hoje falecida), esposa de Júlio Bulhões da Trindade, forte comerciante e ambos devotos do Senhor dos Passos, passassem a esmolar e fazer vendas de mingau e leilões, para que, com o dinheiro, fizessem algumas alterações.Por exemplo, o fechamento em alvenaria do arco-cruzeiro, a construção do coro e da platibanda do frontão, dessa forma ganhando portas e janelas, dando assim mais segurança às peças do seu acervo. Capela sem torre, o sino está em janela lateral. Com a introdução do culto ao Senhor dos Passos, explica-se o primeiro nome: “Capela do Bom Jesus”.


                                                              MERCADO DE PEIXE

Antigamente, em função da técnica utilizada para a conservação do pescado que era comercializado no município, existia o velho mercado de peixe, conhecido pela população como a Salgadeira, na esquina da Boulevard melo Palheta com a travessa Vilhena Alves. O constante crescimento da atividade pesqueira transformou o velho mercado de peixe num lugar antiquado para o povo vigiense. Impróprio para as atividades pesqueiras e com instalações precárias, fatos que inspiraram o prefeito Manoel de Souza Leal a iniciar a construção de um logradouro mais adequado para a comercialização do pescado na Vigia de Nazaré. No período compreendido entre os anos de 1943 e 1945, na administração de Jorge Corrêa, com o apoio do interventor do Pará , Joaquim de Magalhães Cardoso Barata e com acompanhamento do engenheiro vigiense Jonas Brito, foi construído o novo Mercado Municipal, mais tarde conhecido como Mercado de Peixe. Escolha do local tinha a intenção de modificar e sanear a frente da cidade, na época, ocupada pelos quintais das casas que deveria ter suas edificações com portas e janelas voltadas para o rio Guajará – Mirim. O prédio possui implantação, obedecendo ao alinhamento da via pública, técnica construtiva em alvenaria de tijolo, vãos com vergas retas e cobertura com telha de barro tipo Francesa.
 

Fonte: Blog Vigia de Nazaré, Blog Museu Midiastico.

Um comentário: